Monday, April 30, 2007

E.Renováveis em Portugal - Um recurso muito mal aproveitado!

Se pensarmos em todas as desvantages das energias não renováveis, e se pensarmos também que o custo delas aumenta de dia para dia, facilmente devemos chegar à simples conclusão que não podemos continuar dependentes deste tipo de recusrsos energéticos.
Porém não é isso que se verifica, no nosso pais. Portugal é um dos países europeus que apresenta condições mais favoráveis para a utilização em larga escala de energias renováveis. As razões são óbvias: uma elevada exposição solar, uma rede hidrográfica relativamente densa e uma frente marítima que beneficia dos ventos atlânticos.
Estes são factores que podem fazer descer para metade a factura dos gastos energéticos do país, cifrada em 2,5 mil milhões de euros anuais e directa ou indirectamente responsável por cerca de sessenta por cento das importações nacionais. Se a estes números juntarmos o facto de o nosso país apresentar a menor taxa de eficiência energética da União Europeia, e que cerca de 90% da energia que é consumida tem origem em energias fósseis, petróleo (71%) e carvão (19%), Portugal coloca-se numa posição de extrema dependência face a países terceiros.


"Um potencial energético desaproveitado

De entre as muitas alternativas de produção energética que se apresentam a Portugal, a energia solar - convertida em energia fotovoltaica e térmica - é talvez a fonte mais previligiada num país com as características climáticas do nosso, onde o período médio de exposição solar anual varia entre as 2200 e as 3000 horas (para se ter uma ideia desta autêntica mais- valia, basta dizer que nos países da europa central essa incidência não ultrapassa as 1200 a 1700 horas).
E há quem saiba aproveitar essa vantagem: na Grécia, a utilização de energia solar está calculada em 300 mil metros quadrados, ao passo que por cá ainda não ultrapassa os 6 mil. Apesar disso, estima-se que Portugal poderia tirar partido de cerca de 2,8 milhões de metros quadrados de colectores solares térmicos, o que, além da poupança, contribuiria para uma redução em 1,8% da emissão total nacional de gases poluentes no âmbito do Protocolo de Quioto.
O aproveitamento da energia solar passiva, referente à energia consumida nos edifícios, que representa 21% do consumo final total do país, não está ainda suficientemente divulgada entre a população e os próprios profissionais do sector. No entanto, calcula-se que a melhoria das condições de isolamento térmico e de orientação dos edifícios poderia baixar esse consumo em 38%.
Também a energia eólica se reveste de um grande potencial para a produção energética nacional. Actualmente, existem em Portugal cerca de 30 parques eólicos com uma potência instalada de aproximadamente 150 Megawatts, mas estudos recentes afirmam que o país tem potencial para produzir cerca de treze vezes mais, o equivalente a 2000 MW, suficiente para abastecer uma população equivalente a 3 milhões de habitantes.
O biodiesel (largamente utilizado em diversos países como a França, a Alemanha, o Brasil e os Estados Unidos) , o biogás e a biomassa (eficazes no tratamento e na valorização de resíduos, na contenção do efeito de estufa, com baixos custos de operação e passível de representar uma produção anual de cerca de 100 MW), constituem alternativas ada vez mais credíveis.
Actualmente, Portugal produz apenas 10% da energia que consome. Desse total, a maior percentagem é destinada à produção de energia eléctrica e o restante utilizado para outros fins, nomeadamente para o aquecimento de água. Directivas comunitárias impõem que em 2010 pelo menos 39% desta electricidade produzida no país tenha origem em fontes renováveis, o que engloba o recurso às grandes barragens – responsáveis actualmente pela grande fatia de produção eléctrica -, retirando margem ao incremento das pequenas fontes de energia renovável (FRE).
Apesar disso, o governo aprovou recentemente o programa E4 - Eficiência Energética e Energias Endógenas, que se propõe, através da regulamentação do sector e da atribuição de incentivos directos e fiscais, atingir uma produção de 4 mil MW de potência de geração eléctrica com recurso às pequenas FRE e um milhão de metros quadrados de colectores solares instalados para aquecimento de água."

Jornal "a página" nº122, abril 2003, pág 11